quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A entrevista da revista "Sábado"


Aqui há uns dias atrás correu pela internet um vídeo que mostrava um questionário feito pela revista Sábado a uns estudantes universitários.
Quando vi o vídeo a primeira vez admito que achei uma vergonha. No entanto, nos dias seguintes dei por mim a pensar naquilo. Apercebi-me que o vídeo caracterizava todos os estudantes como pessoas absolutamente incultas. E, tendo eu terminado o meu curso há apenas 2 anos, sei perfeitamente que esta caracterização não corresponde nem de perto nem de longe à verdade. Como em todos os sectores, há estudantes mais cultos e menos cultos. Mas não são todos um bando de ignorantes!
Mais tarde vi um vídeo colocado na internet pelo estudante que respondeu “Miguel Arcanjo” à pergunta “Quem pintou o tecto da capela Sistina?”. Neste novo vídeo o estudante apresenta a sua entrevista completa. E é aqui que as minhas suspeitas se confirmam. No vídeo publicado pela revista Sábado foram seleccionadas as piores respostas de cada aluno.
Assim sendo, como estamos (ainda) num pais onde existe liberdade de expressão, vou permitir-me a mim mesma debater este assunto.
Em primeiro lugar, duvido que muitas pessoas que publicaram o vídeo por essa internet fora saibam todas as respostas. Depois, a questão de determinada pessoa ter ou não cultura geral é sempre bastante ambígua. Porque dependendo dos assuntos porque cada um de nós se interessa e da área em que se formou a nível profissional é bem possível que saibamos muito de determinados assuntos e muito pouco de outros. Admito por exemplo que não percebo muito de cinema. Nunca foi algo que me interessasse. Não me considero uma ignorante por isso. É óbvio no entanto, que existem questões que devem ser ressalvadas e que admito que houve respostas que foram surpreendentemente más. Considero por exemplo que responder com o nome de um país à pergunta “Qual a capital dos Estados Unidos?” é grave.
Concluindo, dado que no vídeo foram colocadas apenas aproximadamente uma resposta por estudante, e dado que não vimos todas as entrevistas, o vídeo por si só não é suficiente para classificar a cultura geral de um estudante sequer quanto mais de todos.
Posto isto, pergunto-me então, porque é que os senhores do jornal Sábado fizeram aquela montagem, e porque é que ela foi partilhada por tanta gente neste nosso país?
A resposta, na minha opinião, é apenas uma. Muitas pessoas sentem-se bem e afirmar que os outros são maus. Principalmente quando sabem que isso é mentira. Muitas pessoas não se esforçam por ser boas, limitam-se a deitar os outros abaixo e isso vai chegando para acalmar a sua consciência. E os senhores que vendem revistas sabem isso muito bem e por isso que vão publicando coisas destas. Em Portugal no fundo há uma cultura do “é ele que está errado!”. E cada um aponta o dedo sem olhar para si mesmo e fazer um exame às suas próprias atitudes. E para ajudar à festa temos uma comunicação social mais interessada no lucro do que na veracidade da informação que transmite.

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